Um grupo de policiais deixou a casa no
subúrbio carregando um homem algemado, toda a ação foi coordenada pelo novo
gabinete de gestão integrada da secretaria de segurança do estado do Rio de
Janeiro. As investigações levaram dois meses e usaram a inteligência e
cooperação das polícias civil e militar; com o respaldo e a consultoria de uma
ala específica da polícia federal.
O homem algemado andava calmamente sendo
conduzido por dois policiais militares e dois agentes da policia civil, parecia
não se importar com o que estava acontecendo; ele não demonstrava nenhum traço
de sentimento na face, seu semblante era pálido, rígido e sem expressão; a
verdade era que os homens que efetivaram a prisão estavam ainda um pouco sem
saber o que pensar a respeito do prisioneiro.
Do lado de fora da casa, estavam
pessoalmente o secretário de segurança pública do estado e o comandante geral
da Polícia Militar juntamente com o chefe de polícia civil, a ação fora tão bem
orquestrada que foi possível capturar o indivíduo em sua própria casa e
incrivelmente o prisioneiro não reagiu nem tentou fugir, apenas sorriu enquanto
era algemado e retirado de seu domicílio.
Até onde se sabia Igor monsenhat, o preso,
era um enfermeiro que sempre trabalhava nos turnos da noite em diversos
hospitais do estado, nunca ficava muito tempo em um único hospital, sempre
pedia demissão e sumia sem deixar vestígios. A polícia chegou até ele depois
que uma denúncia foi feita às autoridades sobre um homem que estaria roubando
medicamentos do hospital onde trabalhava, esse homem era Igor, mas a verdade
era muito mais macabra do que apenas aquilo.
Quando Igor foi colocado dentro da
viatura, o comandante geral da polícia chamou um delegado cujo nome era Douglas
e que era quem estava à frente da ação.
_ O que vocês encontraram lá?_ perguntou o
comandante sob o olhar compenetrado do secretário de segurança.
Douglas era um homem acostumado a certas
loucuras urbanas, já tinha visto praticamente de um tudo em seus quase trinta
anos de profissão, mas o que ele viu dentro da casa de Igor foi algo que jamais
esperava ver.
_ Há duas pessoas lá dentro._ afirmou o
detetive.
_Cúmplices?
_Vítimas.
Naquele momento os outros policiais já
tinham acionado alguns paramédicos que tratariam de prestar os primeiros
socorros para as duas vítimas de Igor.
O delegado Douglas continuou:
_ Ele mantinha um casal aprisionado dentro
de casa, cada um em um quarto diferente; ainda não sabemos quem são eles, mas
vamos checar com o CNPD e com o Disque-Denuncia; afinal, foi com a colaboração
desse importante órgão que conseguimos finalmente fechar o cerco sobre Igor.
A sigla citada pelo delegado Douglas não
era novidade para nenhum deles ali presente, CNPD, era o Cadastro Nacional de
pessoas Desaparecidas e por vezes o novo gabinete de gestão integrada da
prefeitura do Rio de Janeiro em suas ações de segurança acabava tendo de fazer
contato com o órgão nacional com a finalidade de obter informações importantes
para várias investigações.
O secretário de segurança se virou
momentaneamente para a viatura e se deparou com o prisioneiro observando-os
atentamente, com um olhar agudo e compenetrado, por um momento o homem detido
pareceu ter perdido a capacidade de piscar, seus olhos estavam vitrificados;
era como se estivesse ouvindo a conversa mesmo com o vidro da janela do carro
suspenso e com a dificuldade da distância considerável entre eles.
Finalmente o secretário perguntou:
_ O que eu vou dizer para o Governador?
Esse é o tal homem?
_Sim senhor._Douglas rebateu prontamente;
e continuou._ Encontramos uma grande quantidade de sedativos, anestésicos,
relaxantes musculares e vários tipos de barbitúricos, havia também desde clorofórmio,
muitas caixas de medicamentos não identificados, talvez de uso veterinário e
até um pouco de morfina.
_ E para o que ele poderia querer esses
medicamentos em casa?
Igor monsenhat capturava pessoas já há
algum tempo, tinha documentos falsos com os quais conseguia emprego sempre em
hospitais onde roubava, de fato, vários medicamentos de uso anestésico, mas não
só medicamentos, como também equipamentos; luvas cirúrgicas, seringas e
agulhas.
Ele usava os medicamentos em suas vítimas
para sedá-los e então com a seringa retirar o sangue das pessoas, armazenando
em potes de maionese dentro de um freezer.
Douglas disse:
_ Não sei bem o que pensar; se esse homem
é um psicopata frio e calculista, ou se é uma espécie de demônio urbano.
_Deus do céu!_ exclamou o secretário.
Douglas ainda não tinha dado todas as
informações, e prosseguiu:
_ Encontramos também cadernos e mais
cadernos dentro do quarto dele, onde estão escritos, parece, que sonhos
perturbadores que ele vinha tendo e também sobre sua compulsão pela caçada,
ataque, dominação e pelo sangue.
_Ora! Mais o que é isso?_ Interrompeu o
comandante de polícia_ você está dizendo que ele anotava sobre suas vítimas e
sobre seus delírios psicóticos?
_Exato senhor.
Igor não conseguia evitar, era mais forte
do que ele; quando se apercebia já estava cometendo o ato; ele tinha uma
estranha atração pelo sangue e começou a atacar pessoas para aplacar sua
compulsão que o dominava desde sempre.
Loucura ou maldição? A verdade era que
Igor não sabia e não queria saber; se sentia muito bem saciando sua compulsão e
somente isso importava na vida.
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